Eu não quero ajudar, não gosto! |
"E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres."
Há em nossa cultura um verdadeiro horror ao sacrifício
pessoal. Embasados em filosofias hedonistas, que já vem há séculos assolando a
humanidade, os homens de nossos tempos têm uma aversão aguda a tudo aquilo
que possa dizer respeito a sacrifício. A psicologia moderna, a ditadura do
‘politicamente correto’, a busca incessante pelo prazer pessoal, entre outras
coisas, criaram uma sociedade inteira de crianças mimadas cuja preocupação não
vai além do próprio umbigo e cujas pretensões não são menores que mudar o
mundo. Infelizmente esse estado de ‘frescura’ e eterna adolescência já está
implantando na mente de muitos cristãos que, longe de vislumbrar o sentido da
palavra ‘esforço’, só querem fazer o que gostam. As coisas pioram ainda mais quando o assunto é igreja.
Porque criam uma ‘áurea de espiritualidade’ em praticamente tudo o que se faz que nada mais é do que uma capa de emocionalismo pueril afim de prover às almas carentes de sentido uma sensação de "ai meu Deus como eu sou lindo, eu te ajudo de coração" sem a qual as boas almas não poderiam dormir. Entretanto o "de coração" é sempre interpretado no sentido de gostar do que faz.
Acontece que a mentalidade do brasileiro comum está moldada
à moda de psicologias baseadas em marxismo/darwinismo de forma que acreditam
que todas as ações humanas estão fundamentadas, ou em prazer carnal (que dizem ser uma recompensa biológica para uma ação que beneficia a perpetuação de sua carga
genética) ou em vantagem financeira, ou seja, você só faria algo ou porque
gosta ou porque dá dinheiro. Se deixarmos nos levar por essa forma de
pensamento, perdemos a noção do que seria vocação e propósito. Parafraseando
alguns grandes pensadores, vocação é algo que você tem mais facilidade para
fazer que outros, e propósito é algo que ninguém além de você poderia fazer. Não
necessariamente sua vocação e propósito vão te dar prazer ou dinheiro.
Falando agora de maneira mais prática, é comum relacionarmos
propósito e vocação com grandes obras e feitos. Mas quase nunca é assim. A
maioria dos propósitos que temos na vida parecem pequenos em comparação com o todo mas são localmente grandiosos. Por exemplo, se você é casado e tem filho, você tem o propósito de ser
marido e pai, porque ninguém além de você pode ser o marido da sua esposa e o
pai do seu filho (falando nisso, não deixe o MEC, a TV, Internet educar
seu filho!). Se você toca violão com mais facilidade que os outros essa é uma
vocação, a igreja está precisando de um músico e você está lá ocioso, então
vá lá e ajude. Não precisa gostar de tocar o estilo de músicas que tocam na
igreja. Se você é mais magrinho que nem eu e precisam de alguém para ser a árvore no teatro, participe!
Por falar em magrelagem, OS MAGRELOS MANDAM! |
Lembre-se sempre que o que precisa ser feito é mais imperioso
do que o que você quer fazer. Voltando ao versículo que está no inicio do
texto, Cristo não gostava de sofrer e carregar cruzes, não há nenhuma passagem
que diz que num dia ensolarado pela manhã Ele foi se divertir subindo um morro
com uma cruz nas costas. Ele nos deu o exemplo que, mesmo quando Deus nos pede
uma coisa que não gostamos e que não vai trazer nenhuma vantagem, devemos
fazer. E mais, certas coisas são
evidentes que necessitam ser feitas, não precisam ser ditas. Você entra na igreja e se depara com a irmã
Cotinha, no alto de seus um metro e meio e 50kg de pura massa muscular,
carregando uma pilha de 19 andares de cadeiras e você fica lá com seu gelzinho
no cabelo sentado em cima de 200kg de Whey Protein que você enfiou no toba e fica só olhando na espera um anjo descer do céu com um papiro de fogo no qual está escrito “Ajude
a Cotinha”... Ora, seja homem!
"Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não
beberei eu o cálice que o Pai me deu?"
Para finalizar, reiterando o que disse no título, de fato eu
não gosto de fazer a obra, algumas coisas eu gosto de fazer mas no geral tem muito
mais coisa que não gosto. Mas quem disse que eu tenho que gostar? Eu tenho é
que fazer. Eu gosto de ver o Reino de Deus crescendo mas o processo de
crescimento muitas vezes me é desagradável e custoso. Cristo tinha (tem) prazer
em fazer a vontade do Pai mas a execução dessa vontade exigia uma cruz e esta
nunca é prazerosa. Fazer o que precisa ser feito é uma das essências do cristianismo, então vamos para de mimimi.
"Me tornei seu inimigo porque te disse a verdade?"
Gálatas 4:16
Muito boa reflexão. Propícia para o meu coração.
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